O ritmo da evangelização...

Há os que descobrem no tempo o ritmo do próprio renascer. E ritmo lembra música. Assim vamos descobrindo uma suave melodia que a paz faz nascer do coração: presença de Deus na consciência, marcada pelas lutas do dia a dia, soando como um hino de esperança revigorando cada amanhecer. Por isso mesmo é incrível que tantas vezes nos percamos nos encontros com o misterioso que habita cada um de nós, essa marca divina. Deve ser por conta do barulho interior que ainda convive conosco. São momentos fugazes, é certo, compondo um estranho encontro, mas inesquecível  para quem o tenha já experimentado. São gestos, sorrisos, lágrimas, silêncios... tudo sempre marcado com o toque divino do acerto, do Bem, da Verdade: um perdão, uma reconciliação, um recomeço diferente, uma parada estratégica... Isso tudo é coisa que o próprio tempo respeita, porque é a Realidade falando na nossa existência, a Lei de Deus em nós agindo, tornando a própria existência eterna, verdadeira e valorosa. Situações tão simples quão significativas porque são o elo, o ponto de ligação com a Verdade. Por isso é preciso recriar tais momentos no silêncio de nossas meditações...
E, ao recordar tais momentos, noto que eles talvez lembrem aquela doce e melancólica voz de Tereza Salgueiro, do Madredeus, entoando o seu Haja O Que Houver. Isso porque sempre pensei nessa canção como a nossa própria atitude na vida em relação à Jesus: uma nostalgia de um amor desde ontem desejado e de certa forma vivido, mas sem a consciência do que representava de verdade. E é nessas horas, no silêncio do canto onde me alojo, que me ponho a meditar no que fiz, no que senti ou desejaria ter feito e sentido. E é como se as palavras da canção se tornassem o ritmo do meu próprio coração...



Então, refaço promessas, agora mais envelhecidas... Considero o peso das lutas do ano, as pressões internas que solaparam meus melhores momentos e me descubro qual menino ingênuo e imaturo diante da vida, apesar da disposição de continuar, apesar dos fios do cabelo já embranquecidos. E lembro da evangelização.. das crianças e dos jovens.
Adoro crianças. Elas representam a espontaneidade que resulta de estarmos abertos, de acolhermos a vida como ela se nos apresenta, depois de esquecermos o que de ruim aconteceu. No fundo acho que isso é ser sábio.
Também gosto dos jovens. Porque se as crianças são a espontaneidade, eles, os jovens, são a ousadia de experimentar sempre o novo, de não se conformar com o já estabelecido, o desafio, portanto.
Percebo , então, no acolhimento e na ousadia dois movimentos que se completam: um movimento para dentro, em direção ao coração e outro para fora, em direção à existência. Que ritmo isso estabelece quando em equilíbrio no indivíduo adulto! Por isso precisamos da evangelização: conviver com as crianças e com os jovens.
E para poder aproveitar de fato tais momentos misteriosos, para não esquecer disso, é preciso cantar. Não apenas canções de ouvir. Mas também as canções de embalar e dançar. Há em cada ritmo uma lição nova, onde o enfrentamento não é lutar contra, mas seguir ao lado, com tenacidade e fiel ao próprio valor pessoal, à própria consciência. Afinal, onde não há música e harmonia, se até as próprias esferas do céu estão dispostas e vibrando segundo uma ordem tão perfeita? Não será isso que estamos aprendendo a fazer? A vibrar em uníssono com Deus?

Por fim, na voz de Ludmila Ferber, a todos os amigos, conhecidos e desconhecidos, que em 2010, possamos encontrar muito trabalho, mas que ele não seja estranho a nós mesmos e sim o fruto do nosso ritmo de amar!

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