E o que fazer do Evangelho?

Qual o propósito do Evangelho na vida das crianças e jovens? Para que nos ocuparmos algumas horas semanais com tais questões? E o que fazer do Evangelho?
Perguntas graves que, ao nosso ver, revelarão o grau de consistência dos nossos trabalhos junto à evangelização. Quanto mais claras e precisas as respostas, tanto mais sólido e consistente será o desdobramento de nossas ações na vida prática.

No confronto com a realidade de uma sala, onde movimentam-se várias circunstâncias de vida, as crianças e o evangelizador se encontram, vez ou outra, subjugados pelo desânimo, pela ansiedade, pela apatia. Assim, é oportuna a recordação de Jesus, no célebre diálogo com Marta, junto ao lar dos três irmãos, Lázaro, Marta e Maria na Betânia, quando Marta, acostumada às lides domésticas, aos hábitos arraigados, ao receber Jesus e seus seguidores em sua casa, juntamente com Lázaro e a jovem Maria, vê-se "sozinha" a cuidar da refeição para os visitantes recém-chegados, ao que, olhando Maria sossegada junto aos pés do Mestre, escutando-lhe as narrativa do sucesso da viagem, não consegue evitar a reclamação entre sorrisos, inconformada.

"Marta apressada acorreu aos misteres domésticos: preparava o respasto, arruma os leitos, dispunha a mesa... Ofegante, corre e se apresta, procura Maria, chama-a. Enquanto lá fora o murmúrio de vozes se apaga e a noite avança calçada de silêncio, O Rabi narra a Lázaro os últimos acontecimentos, e explana sobre o futuro. Maria senta-se-Lhe aos pés e fita-O docemente, acompanhando a narrativa com embevecimento.
-Maria!- grita a outra.
E encontrando-a, reclama:
-Mestre! manda-a ajudar-me. Enquanto me estafo, (sorriu, afável) ela Te importuna, sem preparar a casa para o repasto.
- Marta, Marta! - respondeu-lhe Jesus sorrindo. Estás afatigada com muitas coisas, mas uma só é necessária: e Maria escolheu a melhor parte, a qual não lhe será tirada.
Enquanto Marta desapontada, se aquietou, o Senhor docilmente narrou:
- Um homem casado recebeu a notícia de que um Rei passaria por seu lar. Preparou a casa com a esposa. Quando o Monarca chegou, dele se acercou para ouví-lo e homenageá-lo, enquanto a sua mulher correu a atender às pequenas tarefas. Mas o Rei ali não podia ficar, e após o repasto ligeiro, partiu. Somente aquele que o escutou se inteirou do programa do seu reinado, o que era mais importante...
- Desculpe-me - justificou-se Marta - são os velhos hábitos muito arraigados.
- Para atingir a plenitude - acrescentou o Amigo - só uma coisa basta: espírito de luta capaz de arrebentar as algemas e, renovado, entregar-se totalmente às coisas do Pai Celeste.
- Tens razão - concordou a anfitrioa.
- O pão, o agasalho - esclareceu Jesus- a terra no-los dá. O céu estrelado é cobertor excelente e o solo gentil é celeiro sagrado. A palavra, no entanto, é semente de vida. As preocupações sobre as coisas imediatas caracterizam a horizontalidade em que muitos se perdem, perturbados pela própria azáfama na luta em que se embrenha. A busca incessante da verdade em permuta entre as coisas múltiplas pela aquisição de uma só paz interior com segurança espiritual, eis a vertical libertadora."
(16- A Família de Betânia, "Primícias do Reino", Espírito Amélia Rodrigues/Divaldo Pereira Franco)


Retornando às perguntas, foi para auxiliar-nos a erradicar as inquietações daninhas com os nossos variados afazeres e centralizar a nossa atenção na essência das coisas, que Jesus prescreveu para Marta a célebre advertência acima. E isto porque é a partir das inquietações e distrações diversas da mente e do coração que permitimos que idéias referentes a atitudes desequilibradas acabem por ocupar demais a mente, até que um dia acabem se tornando fatos através de decisões impulsivas e conflituosas. Ou seja, é o acalentar passivo de determinadas fantasias que gera, depois de um tempo, a concretização de um ato. As coisas acontecem primeiro na imaginação e, posteriormente, na realidade concreta. Se a pessoa exerce vigilância sobre seus pensamentos devaneios, em surgindo as circunstâncias favoráveis à execução de uma atitude desequilibrada, isto não encontra ressonância dentro dele. Resumindo, o evangelho serve para realizar uma imunização psíquica, empregando-o como nutrição para a alma.

Por fim, há alguns exercícios muito simples que podem auxiliar a estebelecer o hábito de aquietamento. Você pode encontrá-los aqui.

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